segunda-feira, 10 de maio de 2010

Jovem perde batalha contra o crack

Faxineira Tânia Maria com as correntes que usava para controlar o filho. Drama familiar comoveu o governador Eduardo Campos, no último mês de abril Foto: Raphael Guerra/DP/D.A Press

Em pleno Dia das Mães, a faxineira Tânia Maria da Silva, 46 anos, chorou a morte do filho Neyvson Duarte da Silva, 20. Neyvson foi assassinado, ontem pela manhã, no bairro do Passarinho. No último mês de abril, Tânia comoveu o governador Eduardo Campos ao afirmar que acorrentava o filho para que ele não usasse crack. O crime ocorrido na manhã de ontem, na periferia do Recife, destruiu os sonhos dos pais de verem o filho longe da droga. Foi também uma derrota para o estado, que tentou ajudar Neyvson, sem sucesso. Ele abandonou o tratamento.

O sofrimento de Tânia Maria, mãe de Neyvson, teve grande repercussão, em 15 de abril deste ano, quando ela afirmou que acorrentava o filho para que ele não usasse crack. No mesmo dia, o governador Eduardo Campos telefonou para a faxineira e prometeu ajudar. Neyvson foi levado para uma clínica de tratamento de dependentes químicos, mas, há cerca de 15 dias, resolveu voltar para casa.

A equipe de plantão da Força-Tarefa da Capital, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), realizou as primeiras diligências em busca dos assassinos de Neyvson, mas ninguém foi capturado. Segundo o delegado Alfredo Jorge, a polícia já tem nomes dos suspeitos. "Populares informaram que a vítima vinha praticando furtos na comunidade para comprar a droga. Ele vendeu tudo o que tinha dentro de casa para continuar usando o crack. Antes de ser morto, ele estava sendo perseguido por dois homens e ainda tentou se enconder na casa da ex-companheira", disse o delegado.

A perícia do Instituto de Criminalística (IC) constatou que havia pelo menos 31 perfurações (entrada e saída) provocadas por bala no corpo do jovem. No entanto, a polícia ainda não sabe que tipo de arma foi usada na execução. O corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML), onde a mãe da vítima esteve ontem à tarde. "Nem dinheiro para fazer o enterro eu tenho", lamentou Tânia.

O pai da vítima, José Durval da Silva Filho, 49, contou que, após o filho voltar para casa com poucos dias de tratamento, eles ainda tiveram várias conversas sobre o assunto. "Ele estava sendo cuidado pelo Saravida, em Vitória de Santo Antão. Depois transferimos ele para Igarassu, mas ele não estava cumprindo as regras. Demos vários conselhos. Ainda chegamos a acorrentá-lo mais duas vezes, mas ele continuou usando a droga. Domingo passado, ele roubou R$ 100 meu e uma bermuda do irmão", contou o pai. "Na última terça-feira, ele iria voltar para o internamento, mas desistiu. O crack foi mais forte e o vício o superou", lamentou.

José Durval disse ainda que o jovem era viciado há cerca de três anos e que, nos últimos seis meses, ele começou a furtar objetos de casa para trocá-los pela droga. Daí, a ideia dos pais de comprar uma corrente e acorrentá-lo à cama. No último dia 14, sob a alegação de ter cometido crime de cárcere privado, mãe e filho foram levados por policiais militares para a Delegacia da Macaxeira, onde foi registrada uma ocorrência e ambos foram liberados.

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