quarta-feira, 30 de junho de 2010

Preso um dos homens mais procurados do Sertão de Pernambuco


Foi preso na madrugada de hoje em Belém do São Francisco, Osvaldo João dos Santos, de 43 anos, conhecido como Vavá Araquan. De acordo com a polícia, ele seria um dos homens mais procurados do Sertão de Pernambuco. Com ele foi apreendida uma pistola ponto 40 roubada, de uso exclusivo da Polícia Federal e por isso ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma.

Foragido desde 2001 do Presídio de Salgueiro, Osvaldo é suspeito de praticar homicídios, seqüestros e tráfico de drogas e possui 10 mandados de prisão, respondendo a 10 processos nas cidades de Belém de São Francisco e Cabrobó.

Guerra - Em abril deste ano, representantes das famílias Benvindo e Araquan vieram ao Recife para pedir celeridade no julgamento dos processos que envolvem integrantes de cinco famílias, numa guerra que durou 14 anos, no Sertão do estado. A paz já foi selada há 10 anos, mas a vida de muitos ainda está em suspenso enquanto aguardam uma decisão judicial. Um grupo com sete integrantes dos clãs foi recebido à tarde pelo presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o desembargador José Fernandes de Lemos. O encontro foi bem-sucedido. O desembargador marcou uma nova reunião para receber a relação de processos do caso. O Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público, Paulo Varejão, também recebeu os representantes das famílias e falou da possibilidade de designar um só promotor para tratar da questão. O resultado das reuniões transformou tensão em alívio."Achei ótimo. Acho que dessa vez vai resolver, se Deus quiser", comemorou na ocasião a esposa de Vavá Araquan, Cilene Carvalho.

Foi nos municípios de Belém de São Francisco e Cabrobó que ocorreu a guerra sangrenta, que matou cerca de 150 pessoas. No encontro com o presidente do TJPE, eles pediram agilidade no andamento dos processos - a maioria homicídio e alguns paralisados desde 1998. Também foi solicitado que os julgamentos aconteçam nas próprias comarcas de origem e não sejam desaforados para outros municípios. José Fernandes de Lemos escutou o grupo e disse que trabalharia para acelerar os processos. Mas como eles não levaram uma lista das ações e o andamento atual, o presidente do TJPE marcou uma nova reunião para a próxima semana. O desembargador sugeriu ainda que o grupo procurasse o Ministério Público de Pernambuco, já que para agilizar o andamento dos processos também é preciso uma atenção especial do MPPE.

No meso dia, representantes dos Benvindos e Araquan se reuniram com o Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público, Paulo Varejão. Ele recebeu o grupo, que estava acompanhado do deputado estadual Pedro Eurico (PSDB) e dos vice-prefeitos de Belém do são Francisco e Floresta. Varejão afirmou que tentará agilizar os pareceres do MPPE que estiverem pendentes.

Paz foi selada após 150 mortes

Terminar a briga na Justiça, mesmo com condenação por muitos anos e novas prisões é o que as famílias querem. Assim, todos poderão colocar uma pedra no assunto. Deixar no passado uma série de vinganças para honrar um sobrenome que resultou em cerca de 150 mortes. O que não se sabe ao certo é como tudo começou. A guerra entre Benvindos e Araquan parece enredo de filme, como a clássica rixa shakespeariana entre os clãs Capuleto e Montecchio. Famílias que se tornaram rivais por motivos passionais ou por luta pelo poder.

No caso dos Araquan, a discórdia não era só contra os Benvindo. Envolvia também rixa contra os Russo, os Cláudio e os Nogueira. Houve época em que os Araquans não podiam circular em Cabrobó ou Belém de São Francisco, enquanto as demais famílias eram impedidas de passar por Mirandiba e até Abaré, na Bahia. O choque entre os grupos começou com uma discussão em um bar cujo motivo até hoje não ficou claro. Há quem diga que a briga começou por causa de venda de maconha. As famílias afirmam que foi uma "questão de honra", como costumam falar na região do Sertão do São Francisco, entre Cabrobó e Belém.

Na época em que os problemas de honra era resolvido com sangue, várias pessoas das duas cidades abandonaram ou venderam suas terras e se mudaram para municípios e estados vizinhos. Selada a paz nas ruas, ainda há contas em aberto. Oito membros dos Araquan estão foragidos e 10 dos Benvindos. Há ainda cerca de 30 processos para serem apreciados em Belém e Cabrobó. Em vários processos há mais de cinco réus. Ao longo dos anos, muitos foram extintos por conta de morte dos acusados. Outros prescreveram.

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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